SAE SANTOS: Pessoas vivendo com HIV denunciam falta de medicamento no SAE Santos
Há inúmeros remédios de uso contínuo com estoques zerados na farmácia do órgão
Pacientes que participam das atividades mantidas pelo Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Baixada Santista – Gapa/BS denunciam a falta de medicamentos de uso contínuo a portadores do vírus HIV/AIDS, no Serviço de Atendimento Especializado – SAE, em Santos. Há remédios zerados nos estoques, enquanto apenas dois medicamentos ainda têm quantidade reduzida. Também em relação à hepatite C, o órgão não dispõe de testes rápidos desde novembro.
Os medicamentos de combate ao vírus HIV/AIDS não têm sido repassados pelo Ministério da Saúde, fato bastante preocupante, já que os tratamentos são contínuos. Dois, três dias sem tomar a medicação pode ser muito prejudicial a eles.
“A medicação é dada para três meses; em outubro, fiquei preocupada porque me deram só para um mês. Tomo o 3×1 desde que eu descobri que tinha HIV; cheguei na sexta-feira passada no SAE e a moça da recepção me disse que a medicação que eu tomo ‘não tem mais’. Como assim? Só tinha um comprimido para aquela noite. Meu médico é só dia 7 de janeiro. Me alterei e pediram para que eu passasse pela enfermeira-chefe, mas ela própria não soube me explicar porque a medicação não estava vindo mais… Daí trocou a medicação. Foi um susto”, diz Laura (nome fictício), de 62 anos, que participa ativamente das oficinas e demais ações do Gapa.
Alice (nome fictício), 52, também está com a medicação atrasada. “Ainda não comecei a tomar o novo remédio. Meu médico achou estranho terem alterado. Tomo o chamado 3×1, que segundo apurei é até mais em conta que a nova medicação. Ainda assim consegui só para um mês”.
O SAE tem apenas um pequeno estoque dos medicamentos Efavirez 300mg e Nevirapina 200mg, enquanto outros simplesmente desapareceram das prateleiras da farmácia. São eles: o complexo 3×1 (Lamivudina + Tenofovir + Efavirez), Tenofovir 300mg, Tenofovir + Alafenamida, Zidovudina oral e injetável, Lamivudina oral, Lopinavir + Ritonavir oral e Nevirapina oral. Há uma expectativa de um lote de remédios serem entregues pela Diretoria Regional de Saúde nesta quinta-feira (19).
Há mais de 36 anos, o Gapa acolhe de forma permanente portadores do vírus HIV/AIDS e seus familiares (no momento, 65 famílias são beneficiadas) e faz um trabalho de conscientização sobre a importância da manutenção do tratamento.
“Esta situação é muito séria. Um absurdo chegarmos a esse ponto”, pontua Nanci Alonso, presidente do Gapa. “A falta de medicamentos já começa a criar uma ansiedade entre os pacientes, por terem que interromper o tratamento, que é rigoroso e contínuo”. Indignada, Nanci questiona: “Do que adianta fazermos todo um trabalho junto aos pacientes, de adesão ao tratamento, se depois eles não têm os remédios?”