Ministério da Saúde publica nota técnica com critérios para uso do fostensavir no tratamento de HIV multirresistente
O Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) divulgou uma nota técnica detalhando os critérios clínicos para o uso do fostensavir 600 mg. O medicamento, voltado para adultos vivendo com HIV multirresistente a antirretrovirais, representa um marco no tratamento da doença.
O fostensavir, incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em abril de 2024, é o primeiro representante da classe de inibidores de ligação aprovado globalmente. Sua ação inovadora impede a entrada do HIV nas células, oferecendo uma opção terapêutica para pacientes com opções limitadas de tratamento.
Segundo o dr. Artur Kalichman, coordenador-geral de Vigilância de HIV e Aids (CGHA), a avaliação e liberação do medicamento serão conduzidas de forma centralizada pela CGHA, com apoio de especialistas no manejo da multirresistência viral. “Cada caso será analisado individualmente, e todos os pacientes que utilizarem o fostensavir serão rigorosamente monitorados”, explicou Kalichman.
O coordenador também destacou que a priorização de populações com multirresistência e maior risco de mortalidade reflete o compromisso do Ministério da Saúde em aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e fortalecer a resposta nacional à epidemia de aids.
Critérios de uso do fostensavir
De acordo com a nota técnica, o uso de fostensavir 600 mg é restrito a adultos vivendo com HIV que apresentam falha virológica e resistência a múltiplas classes de antirretrovirais (ARV), de modo que não seja possível estruturar um esquema antirretroviral supressivo sem a inclusão desse medicamento.
A caracterização da sua indicação depende dos padrões de resistência viral encontrados no exame de genotipagem, realizado no contexto de falha virológica. Portanto, o uso de fostensavir não está recomendado para PVHA em uso de esquemas de resgate e que mantêm a carga viral (CV) suprimida, exceto no caso de pessoas vivendo ocm HIV/aids que estão em uso de enfuvirtida.
Para pacientes em uso de enfuvirtida e CV < 200 cópias/mL nos últimos seis meses, está indicada sua troca por fostensavir. A supressão deve ser confirmada pelo histórico de carga viral do usuário. Para os casos em que CV > 200 cópias/mL, recomenda-se a avaliação preconizada para falha virológica no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Manejo da infecção pelo HIV em adultos, publicado em 2023.
A substituição da enfuvirtida pelo fostensavir se deve a dois fatores: a) à melhora esperada da adesão e qualidade de vida com a utilização de medicamentos de uso oral; b) à notificação de descontinuação definitiva da produção desse medicamento realizada à Anvisa em 20/09/2024, pela Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A., fabricante da enfuvirtida.
Ainds segundo o Departamento de Aids, o fostensavir não está recomendado para pessoas vivendo com HIV’/aids cujo teste de genotipagem demonstre atividade plena de darunavir (DRV) ou dolutegravir (DTG), devido à alta barreira genética destes dois ARV. “Para os casos de falha virológica em que não há comprometimento da atividade de DRV e DTG, o esquema de resgate deve ser individualizado e estruturado com a inclusão de um ou ambos os medicamentos, independentemente da presença de mutações para outros ARV.”
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Fonte: Redação da Agência de Notícias da Aids com informações