Cidade de São Paulo registra redução de 54,7% nas novas infecções por HIV em sete anos

Na última semana, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, por meio da Coordenadoria de ISTs/Aids, publicou o Boletim Epidemiológico de 2023, trazendo boas notícias para a capital paulista. Pelo sétimo ano consecutivo, a cidade mostrou uma redução significativa no número de novos casos de infecção por HIV.

De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids e Sífilis de 2024, São Paulo alcançou uma diminuição de 54,7% nos casos de HIV notificados entre 2016 e 2023. Entre 2022 e 2023, a redução foi de 22%, com o número de novos casos passando de 2.185 para 1.705. Essa queda substancial é atribuída aos avanços nas políticas públicas de prevenção e tratamento que têm sido implementadas ao longo dos anos.

Além disso, a taxa de detecção de HIV também apresentou uma queda expressiva. De 2016 a 2023, a taxa caiu de 32,3 para 14,3 casos por 100 mil habitantes, representando uma redução de 55,9%. Essa melhoria é especialmente evidente entre os jovens.

Entre os jovens de 15 a 29 anos, a redução nas novas infecções foi de 57% desde 2016. A faixa etária de 15 a 19 anos viu uma impressionante diminuição de 66%, com os casos reduzidos de 210 para 71. Na faixa etária de 20 a 24 anos, a redução foi de 61%, com o número de novos casos caindo de 834 para 323.

Expansão da PrEP e novas estratégias de prevenção

Um dos pilares desse sucesso, segundo o boletim, foi a expansão da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV, que tem mostrado impacto direto na redução de novas infecções. Em 2023, mais de 29 mil pessoas utilizaram a PrEP, com uma relação de 17,5 usuários de PrEP para cada novo caso de HIV diagnosticado, superando a meta mínima recomendada pelo Ministério da Saúde. Além disso, a iniciativa “PrEP na Rua” realizou 364 ações em 2023, beneficiando 1.618 pessoas, das quais 1.525 começaram a utilizar o medicamento no mesmo dia.

Outra estratégia importante foi a inauguração da Estação Prevenção – Jorge Beloqui e o lançamento do Canal SPrEP, que visa ampliar o acesso às profilaxias e promover a testagem rápida, contribuindo para a diminuição das infecções.

Desafios persistentes

Apesar do progresso expressivo, o boletim aponta desafios contínuos, especialmente no que diz respeito às disparidades de gênero e raça. Embora a taxa de detecção de HIV tenha caído tanto entre homens quanto entre mulheres, a redução foi mais acentuada entre os homens. Entre 2016 e 2023, os casos no sexo masculino diminuíram 57,3%, enquanto entre as mulheres a redução foi de 41,6%. Em 2023, a razão de sexo manteve-se estável, com quatro infecções no sexo masculino para cada uma no sexo feminino.

Essas diferenças também se refletem na população jovem. Embora a redução de novos casos de HIV entre jovens de 15 a 29 anos seja significativa em ambos os sexos, os homens de 20 a 24 anos apresentaram uma queda de 64%, enquanto a redução entre as mulheres da mesma faixa etária foi de apenas 28%. Isso indica que a epidemia afeta de maneira desproporcional os homens, especialmente os homens que fazem sexo com homens (HSH), que representam uma parcela significativa das novas infecções.

Além disso, as disparidades raciais permanecem um desafio crítico. O boletim revela que a taxa de detecção de HIV é consideravelmente mais alta entre pessoas negras em comparação com brancas e pardas. A população negra é desproporcionalmente afetada pelo HIV, e a redução das desigualdades étnico-raciais continua sendo uma prioridade nas políticas de saúde pública. Entre as pessoas brancas, a taxa de detecção caiu de 23,7 casos por 100 mil habitantes em 2014 para 7,4 em 2023. No entanto, entre a população negra, a queda foi menos acentuada, passando de 47,1 para 31,1 casos por 100 mil habitantes no mesmo período.

O estigma em torno do HIV/aids ainda é uma barreira para muitos, especialmente para as populações mais vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e a população negra.

Transmissão vertical

De acordo com o boletim, a cidade também segue focada na eliminação da transmissão vertical do HIV e no combate à sífilis congênita, outra área de destaque no boletim epidemiológico. Desde 2019, a cidade vem sendo certificada pelo Ministério da Saúde pela eliminação da transmissão vertical do HIV. Em 2023, São Paulo foi reconhecida com o Selo Bronze de Boas Práticas Rumo à Eliminação da Sífilis Congênita, um marco que reflete os esforços contínuos para melhorar o pré-natal e a prevenção de infecções em bebês

Fonte: Agência Aids