Auto testes de HIV não são repassados ao GAPA/BS e situação preocupa: ‘Grande retrocesso’
O Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa) da Baixada Santista não recebe kits com material de autotestagem para detecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) desde dezembro do ano passado. A distribuição, realizada há anos de forma permanente e gratuita pelo Ministério da Saúde, está suspensa e sem previsão de retorno.
A iniciativa Viva Melhor Sabendo (VMS), foi lançada em 2018, pelo Governo Federal, para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, os pacientes retiram os autotestes no respectivo município e fazem a análise onde se sentirem mais confortáveis, após receberem todas as orientações necessárias. Caso infectado, é possível começar o tratamento imediatamente.
Segundo a presidente da Gapa, Nanci Alonso, o Estado não está recebendo os testes do Ministério da Saúde e, por isso, não está repassando. “A falta de distribuição é um grande retrocesso. Todo o trabalho de conscientização que temos feito para as pessoas aderirem ao tratamento está parado”, relata.
“Nós conseguimos criar um vínculo de confiança com a população para que fizessem o teste, pois as pessoas ainda possuem preconceito em relação à Aids. Elas não querem ir a um serviço público por inúmeros motivos. ”
Nanci comenta que uma moça foi até ao Gapa de Santos logo após ir na farmácia, onde o produto custa aproximadamente R$ 80. “Ela disse que perguntaram o por que dela querer fazer o teste. É complicado, não há acolhimento na rede farmacêutica.”
Além disso, a presidente do órgão ressalta que faltam remédios na rede pública para gestantes portadoras de HIV. Entre eles, o Azt injetável, Neviparina de solução oral e Raltegravir 400mg.
“O Azt, a gestante começa a tomar assim que inicia o trabalho de parto, até o nascimento do bebê. Depois, a criança passa a tomar Neviparina, para que não seja contaminada. Já o Raltegravir, o bebê toma se a mãe descobriu tardiamente que tem o vírus, e começou a fazer o tratamento só então”, conclui.
Em nota, a Prefeitura de Santos informou que os autotestes são fornecidos pelo Ministério da Saúde ao Estado, e este realiza o repasse ao município. No entanto, este repasse não está ocorrendo de forma regular desde o final do ano passado, e não há autotestes em estoque para repasse à instituição.
A realização do teste rápido, no Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas (Rua da Constituição, 556) continua normalmente de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. Uma gota de sangue é colhida pelos profissionais, e o resultado é informado após 15 minutos. Além disso, o paciente inicia imediatamente o tratamento quando o resultado é positivo.
Outro lado
Quanto às medicações listadas, a Secretaria de Saúde informou que Santos recebe os medicamentos há anos, em uma quantidade inferior à solicitada – um problema que atinge outros municípios da Baixada Santista, uma vez que as cidades têm buscado ajudar umas às outras com empréstimo quando há falta.
Já o Ministério da Saúde, informou que a oferta de testes para detecção da infecção pelo HIV é uma ação coordenada entre a Pasta da Saúde e as Secretarias Estaduais de Saúde. “Cabe ao ente federal a aquisição e a distribuição contínua de testes rápidos e autotestes de HIV para as secretarias de saúde estaduais e municipais de capitais, conforme demanda informada pela gestão local. Os fluxos de distribuição aos municípios, por sua vez, são de responsabilidade da gestão estadual, incluindo ações articuladas com as organizações da sociedade civil.”
Em nota, o Ministério informou que entre dezembro de 2023 e março de 2024, a Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo recebeu 32.784 autotestes, sendo 10 mil em dezembro, 7.784 em janeiro, 7 mil em fevereiro e 8 mil e março. A reportagem de A Tribuna entrou em contato com a Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo, mas até o fechamento desta matéria não teve retorno.
Fonte: A Tribuna