Websérie resgata histórias de quem nasceu com HIV em um Brasil que hoje celebra a eliminação da transmissão vertical

O Brasil acaba de ser certificado pela Organização Pan-Americana da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) pela eliminação da transmissão vertical do HIV, de mãe para filho — um marco histórico para a saúde pública e para a resposta brasileira à epidemia de aids. A conquista simboliza décadas de políticas públicas, acesso ao tratamento, fortalecimento do SUS e atuação dos movimentos sociais.

Mas, antes que essa realidade fosse possível, milhares de crianças nasceram com HIV em um cenário marcado pela falta de informação, pelo medo e pelo estigma. São essas histórias que ganham voz na websérie “HIV 40 Anos, Aids e Suas Histórias: Transmissão Vertical – Um Assunto Proibido”, produzida pela Agência Aids e lançada em dezembro de 2023, durante o Dezembro Vermelho.

A produção lança luz sobre um tema historicamente silenciado: a transmissão vertical do HIV em um período em que a prevenção ainda não estava plenamente incorporada às políticas de saúde. Ao longo dos episódios, pessoas que nasceram com HIV compartilham suas trajetórias, os desafios enfrentados desde a infância, o impacto do diagnóstico e a luta cotidiana contra o preconceito.

A série acompanha os relatos de Marília Nascimento, Jennifer Besse, Gugãa Taylor e Diego Vieira, todos nascidos nos anos 1990, quando a epidemia ainda ceifava vidas e o acesso ao tratamento era limitado. Com narrativas potentes e emocionais, os depoimentos revelam experiências de dor, superação e ressignificação, evidenciando como o estigma ainda atravessa a vida de quem vive com HIV desde o nascimento.

Sob a direção da jornalista Roseli Tardelli, idealizadora do projeto, a websérie também presta homenagem a profissionais que estiveram na linha de frente do cuidado e da assistência, como a Dra. Marinella Della Negra, referência no atendimento a crianças vivendo com HIV no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, e Maria Cristina Abbate, coordenadora de IST/Aids do município de São Paulo.

“Espero contribuir para reduzir o estigma e a discriminação que esses jovens ainda enfrentam. Esse registro é uma forma de honrar suas histórias e fortalecer a luta por uma sociedade mais inclusiva”, afirma Roseli Tardelli.

A certificação concedida ao Brasil pela OPAS/OMS não apaga o passado, mas reforça a importância de preservar a memória e reconhecer quem atravessou a epidemia em seus momentos mais duros. Nesse sentido, a websérie se torna um documento histórico e educativo, essencial para compreender o caminho percorrido até a eliminação da transmissão vertical do HIV.

Produzida com apoio do Senac São Paulo, Sesc São Paulo, GSK/ViiV, Coordenadoria Municipal de IST/Aids de São Paulo e Unesco, a obra reafirma a centralidade dos direitos humanos, do cuidado e da informação como pilares da resposta ao HIV/aids.

Em um momento de celebração, a série convida à reflexão: eliminar a transmissão vertical é uma vitória coletiva, mas enfrentar o estigma e garantir dignidade às pessoas que vivem com HIV segue sendo um desafio permanente.

Fonte: Agência Aids