Unaids celebra diretriz da OMS que recomenda Lenacapavir como nova opção de PrEP injetável de longa duração

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) celebrou a nova diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS), que passa a recomendar o uso do Lenacapavir como mais uma opção de prevenção ao HIV dentro da abordagem de prevenção combinada. O medicamento, um antirretroviral injetável de longa duração desenvolvido pela farmacêutica Gilead Sciences, é administrado a cada seis meses e demonstrou alta eficácia na redução do risco de infecção pelo HIV.

A recomendação da OMS marca um passo importante no fortalecimento das estratégias globais de prevenção, especialmente em um contexto alarmante: cortes no financiamento internacional podem resultar, até 2029, em mais 6 milhões de novas infecções por HIV e 4 milhões de mortes relacionadas à aids. Para o Unaids, a chegada de tecnologias como o Lenacapavir amplia as possibilidades de escolha para pessoas em risco, sobretudo aquelas em contextos de maior vulnerabilidade, como adolescentes e mulheres jovens, populações LGBTQI+, profissionais do sexo e pessoas que usam drogas.

Contudo, o acesso ao Lenacapavir, segundo o Unaids, ainda enfrenta importantes barreiras. O medicamento não está registrado para aprovação regulatória em todos os países, o que significa que populações mais afetadas pela epidemia podem ter de esperar mais tempo para ter acesso à nova tecnologia. Além disso, o custo elevado é outro entrave. Pesquisas indicam que o medicamento poderia ser produzido por um valor até mil vezes menor do que o preço praticado nos Estados Unidos, mas dezenas de países em desenvolvimento foram excluídos das licenças para versões genéricas, tanto do Lenacapavir quanto do Cabotegravir — outro injetável de longa duração produzido pela ViiV Healthcare.

“O volume de produção do Lenacapavir precisa ser ampliado, mas, para isso, é necessário garantir preços acessíveis”, destacou o Unaids em comunicado. “A disponibilidade limitada e o custo proibitivo não apenas ameaçam vidas, como minam o potencial impacto positivo que o medicamento pode ter no enfrentamento da pandemia de aids.”

A agência da ONU reforça que a transparência nos custos de produção e nas estratégias de precificação é fundamental para remover barreiras de mercado e garantir acesso universal a inovações em saúde. E cobra da indústria farmacêutica maior comprometimento nesse sentido: “O Unaids continua exigindo total transparência das empresas farmacêuticas em relação aos custos reais de produção e aos preços cobrados”, diz o documento. “O Lenacapavir não é exceção.”

O Unaids também conclama os países a priorizarem opções de prevenção que apresentem maior impacto e a adotarem modelos simplificados e diferenciados de entrega desses serviços, para alcançar as populações que mais necessitam.

“Não há mais tempo a perder. Governos, sociedade civil e setor privado precisam tomar todas as medidas necessárias para viabilizar o acesso global e equitativo a novas tecnologias de prevenção ao HIV, como o Lenacapavir e o Cabotegravir – e o Unaids está ao lado deles nessa missão.”

Fonte: Agência Aids