Pessoas vivendo com HIV devem se vacinar contra a gripe, orienta infectologista Lucas Rocker
Com a chegada do outono e do inverno, crescem os casos de doenças respiratórias — e com eles, a importância da vacinação contra a gripe. Estados e municípios de todo o país já iniciaram suas campanhas, e para quem vive com HIV, é essencial estar entre os primeiros a se imunizar.
Segundo o infectologista Dr. Lucas Rocker, do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo, a vacina contra a gripe ajuda a proteger durante os meses mais frios, justamente quando o vírus da influenza circula com mais força.
“É um vírus sazonal, e por isso estamos reforçando a vacinação agora, para garantir que o corpo esteja preparado quando os casos aumentarem”, explica o médico.
A gripe é causada por cepas virais que circulam amplamente no mundo todo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 bilhão de pessoas são infectadas por influenza todos os anos. E, embora seja comum, ela pode se tornar grave em alguns grupos — como pessoas que vivem com HIV.
“Essas pessoas têm maior risco de desenvolver complicações, como pneumonia viral. Por isso, são consideradas prioridade nas campanhas de vacinação”, alerta o médico.
Vale lembrar que a vacina não impede completamente que alguém tenha gripe, mas reduz bastante o risco de formas graves da doença.
“A vacina é focada no vírus da influenza, mas existem outros vírus que também causam sintomas respiratórios. Mesmo assim, estar vacinado faz toda a diferença na evolução do quadro clínico”, destaca Dr. Lucas.
Efeitos colaterais: o que esperar?
Uma dúvida comum envolve os possíveis efeitos da vacina, especialmente entre pessoas imunocomprometidas. Dr. Lucas esclarece que a vacina contra a gripe é segura:
“É feita com vírus inativado e os efeitos colaterais, quando ocorrem, são geralmente leves — como dor no local da aplicação, um pouco de mal-estar ou febre. São reações comuns a diversas vacinas.”
No Brasil, a vacina oferecida pelo SUS é a trivalente, que protege contra três cepas: influenza B, influenza A H1N1 e influenza A H3N2.
E se a pessoa também estiver tratando tuberculose?
Muitas pessoas que vivem com HIV também lidam com outras infecções, como a tuberculose. Mas não há contraindicação para tomar a vacina contra a gripe durante o tratamento da TB.
“Pelo contrário. Ter uma infecção respiratória já fragiliza o sistema pulmonar. Então, estar vacinado é ainda mais importante nesses casos”, reforça o médico.
A única recomendação é evitar se vacinar se estiver com sintomas intensos nas últimas 24 horas — como febre ou quadro infeccioso ativo. Nesses casos, o ideal é esperar um pouco antes de se imunizar.
Mudanças climáticas e vírus respiratórios
Outro ponto levantado por Dr. Lucas é o impacto do clima nas doenças respiratórias.
“Com o aumento da poluição, do calor extremo e das mudanças no clima, os surtos de vírus respiratórios tendem a se tornar mais frequentes. Já vivemos isso com a covid-19, e é provável que vejamos novas variantes e surtos de influenza no futuro.”
Por isso, ele reforça a importância de manter os cuidados em dia — especialmente para quem vive com HIV.
“Vacinação é uma parte importante da prevenção, mas também é fundamental seguir o tratamento corretamente, fazer os exames regulares e manter um estilo de vida saudável. Pessoas com imunidade mais alta respondem melhor às vacinas e vivem melhor”, diz.
Entre os hábitos que ajudam: não fumar, moderar no álcool, evitar drogas e cuidar da saúde de forma integral.
E um lembrete que vale para todo mundo:
“Se estiver com sintomas respiratórios, fique em casa, use máscara, evite contato com outras pessoas. Pode ser uma gripe leve para você, mas para alguém com saúde mais frágil, pode representar um risco grande. Esse foi um dos grandes aprendizados da pandemia, e precisamos continuar praticando esse cuidado coletivo”, finaliza Dr. Lucas.
Fonte: Agência Aids