Morre em Turim, na Itália, o Padre Valeriano Paitoni, pioneiro no acolhimento a crianças e jovens vivendo com HIV no Brasil
Amoroso, acolhedor, inteligente, sensível, perspicaz, com humor e respostas assertivas. Sempre esperança e conforto. Sempre trabalhando para que o HIV não roubasse a cena. Padre Valeriano foi pioneiro no acolhimento de crianças e jovens que viviam com HIV no início da pandemia no Brasil. Ele morreu nesta madrugada, em Turim, na Itália. Religioso do Instituto Missionários da Consolata, reconhecido internacionalmente por sua atuação, foi um dos pioneiros no enfrentamento da Aids no país, coordenando e fundando casas de apoio, cuidando de pessoas infectadas, recebendo indicações e reconhecimento internacional por seu trabalho. Padre Valeriano, no decorrer de seu trabalho, foi defendido pelo Ministério da Saúde, por ativistas e gestores brasileiros.
Sempre a favor da prevenção, causou polêmica com a Igreja ao defender publicamente o uso da camisinha.
Padre Valeriano virou manchete nos jornais do Brasil e do mundo quando, no ano 2000, passou a defender publicamente a utilização de preservativos como forma de combater novas infecções pelo HIV. Contestou abertamente as orientações do Vaticano. Esse posicionamento público trouxe estresse e descontentamento na cúpula da Igreja paulista e no Vaticano. Por conta de sua lucidez e defesa aberta em relação ao tema da prevenção, e pelo enfrentamento à postura da Igreja, recebeu, no início do ano de 2011, um comunicado de sua congregação — Instituto Missões Consolata — de que havia sido orientado para uma missão na Itália. Ativistas e gestores brasileiros reagiram imediatamente contra a decisão, que foi interpretada como uma retaliação contra o padre. Valeriano voltou à sua terra natal em abril de 2011.
Casas de Apoio Fundadas ou dirigidas pelo Padre Valeriano:
* Lar Betânia: fundada por ele em 1991, a casa acolhia pessoas vivendo com HIV.
* Casa Siloé: responsável por crianças que se infectaram pelo HIV por transmissão vertical, de mãe para filho.
* Lar Suzanne: outra casa de apoio fundada por ele para crianças.
Reconhecimento e Legado:
1996 – Prêmio Brenda Lee de Diretos Humanos
1997 – Prêmio Sheila Cortopassi – Personalidade
1998 – Prêmio Theodoro Pluciennick de Direitos Humanos
1999 – Prêmio Honra ao Mérito da UNAIDS
2002 – Prêmio GIV –- Serviços prestados as PVHA
2004 – Honra ao mérito do Fórum de ONG/Aids do Estado de SP
2021 – Prêmio José Araújo Lima Filho – Direitos Humanos
- Todo o reconhecimento e respeito de ativistas, médicos, gestores e fiéis da Zona Norte de São Paulo por sua dedicação, carinho, cuidados e compromisso com as crianças, adolescentes e adultos que cruzaram seu caminho e foram abraçadas pela amorosa generosidade do Padre Valeriano.
- O trabalho do Padre Valeriano foi essencial para conscientizar a sociedade e a comunidade católica sobre as infecções pelo HIV, quebrando tabus e defendendo o direito a vida.
- Apoio Institucional: O Ministério da Saúde também publicou uma nota em jornais defendendo o trabalho do Padre Valeriano, pedindo à igreja que refletisse sobre sua posição contrária à camisinha.
Fonte: Agência Aids