Ministério da saúde publica nota técnica com orientações para a prevenção da transmissão vertical do HTLV

O Ministério da Saúde publicou uma nova Nota Técnica com orientações para a prevenção da transmissão vertical do Vírus T-linfotrópico humano (HTLV-1/2), infecção sexualmente transmissível que também pode ser transmitida por via sanguínea e da mãe para o bebê durante a gestação, o parto e, principalmente, a amamentação. O documento reúne recomendações sobre testagem em gestantes, manejo clínico, via de parto e amamentação, com o objetivo de reduzir o risco de transmissão vertical no Sistema Único de Saúde (SUS).

Elaborada pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), a Nota Técnica estabelece diretrizes para gestores e profissionais de saúde sobre o cuidado durante a gestação e no acompanhamento de crianças expostas ao vírus após o nascimento.

De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 800 mil pessoas vivam com HTLV-1 no Brasil. A infecção é crônica e, na maioria dos casos, não apresenta sinais ou sintomas graves. No entanto, quando há manifestações clínicas, o HTLV pode estar associado a doenças inflamatórias crônicas e a quadros graves, como a Leucemia/Linfoma de Células T do Adulto (ATLL) e a mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM).

A Nota Técnica foi construída em conjunto com o Comitê Técnico Assessor de HTLV, composto por especialistas e representantes da sociedade civil. O documento reforça a importância da testagem de gestantes sempre que os testes de triagem e confirmação estiverem disponíveis no território. A recomendação é que a testagem seja realizada no primeiro trimestre da gestação, preferencialmente na primeira consulta do pré-natal.

Além da testagem, o texto traz orientações específicas sobre a via de nascimento e a amamentação, consideradas estratégias centrais para a redução da transmissão vertical do HTLV. As recomendações buscam apoiar a tomada de decisão clínica e qualificar o cuidado prestado às gestantes e às crianças expostas ao vírus.

Para a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis, Pâmela Gaspar, a publicação da Nota Técnica representa um avanço importante para a saúde pública. “A nota técnica é um instrumento para operacionalizar o diagnóstico de HTLV e o manejo para prevenção da transmissão vertical da infecção. Nosso foco é garantir o acolhimento e o cuidado da gestante com HTLV e da criança exposta”, afirmou.

Segundo a coordenadora, a eliminação da transmissão vertical do HTLV como problema de saúde pública até 2030 é uma prioridade no Brasil e integra as metas do Programa Brasil Saudável.

Desde abril de 2024, a infecção pelo HTLV-1/2 passou a ser de notificação compulsória em adultos, gestantes, parturientes, puérperas e crianças expostas ao risco de transmissão vertical. A notificação deve ser realizada após o diagnóstico, por meio da ficha específica no sistema e-SUS Sinan. Crianças expostas ao HTLV devem ser acompanhadas em Serviços de Atenção Especializada, com cuidado compartilhado com a Atenção Primária à Saúde.

Fonte: Agência Aids