Desigualdades e medicamentos injetáveis pautam o segundo GT Unaids de 2025
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) realizou, no dia 12 de novembro, o segundo Grupo de Trabalho (GT Unaids) de 2025, com o tema “Estratégias de redução das desigualdades e a introdução de medicamentos injetáveis de longa duração”.
O encontro, que reuniu representantes do governo federal, do Congresso Nacional, de agências, fundos e programas da ONU, de embaixadas e das redes nacionais de pessoas que vivem com HIV, teve o objetivo de fortalecer a resposta ao HIV no Brasil por meio da discussão sobre inovação científica e da equidade em saúde.
Reduzir desigualdades para transformar a resposta
A deputada Erika Kokay, coordenadora da Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento às ISTs, HIV/Aids e Hepatites Virais, destacou na abertura do GT Unaids que a resposta ao HIV deve estar diretamente ligada à superação das desigualdades estruturais. “Nós estamos absolutamente coadunadas com a estratégia para que possamos reduzir as desigualdades. E essa redução envolve um conjunto de políticas públicas, como as de educação e, obviamente, de saúde”, disse a deputada.
Para a parlamentar, a introdução de medicamentos injetáveis de longa duração no Sistema Único de Saúde (SUS) representa um avanço essencial. “Esses medicamentos são uma nova porta de acesso à vida com dignidade. O SUS é um patrimônio da humanidade porque pulsa, porque inclui, porque acolhe. É ele que transforma o direito em realidade”, ressaltou.
O papel da inovação e da equidade
A diretora e representante do Unaids no Brasil, Andrea Boccardi Vidarte, afirmou que o país segue como referência internacional na resposta ao HIV. “O Brasil é um exemplo global de solidariedade, coragem e compromisso com os direitos humanos. São 40 anos de história marcados por conquistas e pela força da sociedade civil organizada”, destacou.
A diretora do Unaids Brasil reforçou que a inovação deve caminhar junto com a justiça social. “Os medicamentos injetáveis de longa duração são um avanço científico que pode mudar a forma como tratamos e prevenimos o HIV. Mas a inovação só será efetiva se vier acompanhada de estratégias que garantam acesso equitativo e livre de estigma”, afirmou.
Segundo Andrea, o tema dos medicamentos de longa duração estará no centro das discussões da próxima reunião do Junta de Coordenação do Programa (PCB), que será realizada em dezembro, em Brasília. “Será uma oportunidade para mostrar ao mundo o compromisso do Brasil com a inovação, a equidade e os direitos humanos”, finaliza.
Compromisso do governo brasileiro com a ciência e a equidade
Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (Dathi/MS), destacou o papel da parceria entre o governo brasileiro e o Unaids na promoção da equidade em saúde. “A resposta brasileira ao HIV é reconhecida globalmente por sua robustez e por ser baseada em ciência e solidariedade. O Unaids é um parceiro estratégico nesse processo, apoiando o país na consolidação de políticas públicas”, afirmou.
Draurio ressaltou que o Brasil pode liderar mais uma vez uma transformação global. “Fomos pioneiros no acesso universal e gratuito a antirretrovirais. Agora, podemos ser referência na incorporação dos medicamentos injetáveis de longa duração, completou.
Cooperação internacional e participação comunitária
Durante o GT, representantes de ministérios, agências da ONU e organizações da sociedade civil reafirmaram o compromisso com uma resposta multissetorial ao HIV. O Ministério das Mulheres destacou a importância de políticas que enfrentem as desigualdades de gênero e raça, com atenção especial a mulheres negras, indígenas e jovens.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reforçou a integração entre saúde e direitos humanos, lembrando que o combate ao estigma é fundamental para ampliar o acesso aos serviços. Já o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome enfatizou o papel da proteção social e da transferência de renda na redução de vulnerabilidades.
As agências das Nações Unidas — entre elas UNFPA, Unesco, ONU Mulheres e OPAS/OMS — ressaltaram o papel da cooperação internacional na promoção da equidade em saúde. Elas destacaram iniciativas voltadas à juventude, à educação integral em sexualidade e à ampliação do acesso a serviços acolhedores e inclusivos.
As redes de pessoas vivendo com HIV, representadas pela Coalizão + Brasil, RNP+, RNTTHP, Anaids, MNCP e RNAJVHA”, defenderam o fortalecimento do protagonismo comunitário e a necessidade de financiamento sustentável.
O grupo enfatizou que nenhuma decisão sobre a resposta brasileira ao HIV deve ser tomada sem a participação direta da sociedade civil, destacando a importância da participação social na formulação e no monitoramento das políticas públicas.

Desafios e perspectivas
O segundo GT Unaids de 2025 reforçou que o Brasil tem papel estratégico na nova fase da resposta global ao HIV. A integração de ciência, políticas públicas e participação comunitária é vista como um caminho para acelerar o fim da epidemia até 2030.
Andrea Boccardi destacou que o Unaids seguirá trabalhando lado a lado com o governo e a sociedade civil para enfrentar desigualdades e garantir o acesso equitativo à inovação. “Encerrar a epidemia de aids não é apenas um objetivo de saúde pública. É um compromisso com a dignidade humana, com a justiça social e com o direito de todas as pessoas viverem com igualdade e respeito. O caminho é a construção coletiva, que é o que estamos fazendo neste GT”, afirmou.
Fonte: Agência Aids


