CROI 2025: Estudo revela impacto da doxiPEP na redução de ISTs

Um estudo realizado em uma clínica de saúde sexual em São Francisco, Califórnia (EUA), revelou que a profilaxia pós-exposição com doxiciclina (doxiPEP) pode reduzir significativamente a incidência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), especialmente sífilis e clamídia. Os resultados foram apresentados na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI) 2025.

DoxiPEP: uma nova estratégia de prevenção

A doxiPEP tem sido adotada como uma medida de prevenção para ISTs, com bons resultados em ensaios clínicos. No entanto, seu uso levanta preocupações sobre o possível desenvolvimento de resistência a antimicrobianos, o que faz com que alguns profissionais da saúde hesitem em recomendá-la. Apesar de sua eficácia contra sífilis e clamídia, sua capacidade de prevenção contra gonorreia é menor.

Metodologia do estudo

A partir de 2022, a doxiPEP foi oferecida a todos os pacientes da clínica onde o estudo foi conduzido. Para medir sua eficácia, os pesquisadores analisaram os dados de cinco trimestres antes e depois da introdução da estratégia nos usuários de doxiPEP. Para comparação, também foram avaliados cinco trimestres antes e depois de abril de 2023 para os não-usuários.

O estudo incluiu 4.149 participantes, sendo 2.419 usuários de doxiPEP e 1.730 não-usuários. A maioria dos participantes era composta por homens cisgênero, e 98,7% estavam em profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV.

Resultados e impacto

Antes do uso da doxiPEP, os usuários tinham um risco significativamente maior de contrair ISTs em comparação com os não-usuários, com uma razão de chances (OR) de 5,33. Após a introdução da estratégia, as taxas de ISTs se tornaram similares entre os grupos (OR = 1,21). O estudo mostrou reduções expressivas na incidência total de ISTs (OR = 0,28), sendo a sífilis a mais impactada (OR = 0,16), seguida pela gonorreia (OR = 0,45) e clamídia (OR = 0,05).

Os achados confirmam que, na prática clínica, a doxiPEP pode ser uma ferramenta eficaz para reduzir a transmissão de ISTs, reforçando a necessidade de debates sobre sua implementação como estratégia de saúde pública.

Fonte: Agência Aids