Ciência em movimento: especialistas revelam novidades sobre HIV após IAS e EACS 2025
São Paulo foi palco de mais um evento científico que reforça o futuro da prevenção e do tratamento de HIV e ISTs. O teatro da Casper Líbero recebeu, neste sábado (15), a Jornada Pós IAS e Pós EACS 2025, que debateu sobre os temas pautados nos dois dos principais congressos globais sobre HIV.
Cerca de 200 pessoas acompanharam uma série de palestras sobre os estudos apresentados nestas conferências. Temas como prevenção e tratamento do HIV estiveram no centro do debate, como destaca Dr. José Valdez Ramalho Madruga, médico pesquisador da Casa da Pesquisa, instituição responsável pela realização do evento.
“São estudos que nos mostram caminhos para um processo mais eficaz de prevenção e tratamento. Hoje nós já estamos num estágio muito avançado comparado ao que tínhamos décadas atrás, mas ainda podemos e devemos evoluir mais. E o nosso objetivo é buscar maneiras de fazer com que as pessoas tenham acesso real a todos os tipos de prevenção e tratamento”, declarou.
Dr. José Valdez foi o primeiro a palestrar no encontro. Ele apresentou diversos estudos e pesquisas debatidos na IAS e EACS 2025, realizadas, respectivamente, em Kigali, Ruanda, e em Paris, França, como o uso do lenacapavir injetável de ação prolongada para prevenção do HIV, após suas recente aprovação pela FDA dos Estados Unidos.
“O lenacapavir foi uma das grandes descobertas da ciência no ano passado. É um método prático, fácil e extremamente eficaz de prevenção a longo prazo. Os testes foram feitos e é um medicamento que está pronto para ser usado. Nosso desafio agora é de garantir o acesso a todos”, destacou Valdez.
Outro estudo em destaque foi de autoria conjunta da Dra. Ane Caroline Coutinho Iglessias, Dr.José Valdez, Dr. Matheus Ettori Verdoso e equipe do CRT DST/Aids e da Unifesp, que analisou 502 prescrições de PrEP entre agosto de 2022 e agosto de 2024.
Os resultados mostraram que 60,5% apresentavam anticorpos contra hepatite B, o que indica imunização prévia, mas quase 40% continuavam suscetíveis, o que representa um risco para transmissão em populações com alta prevalência de ISTs.
“É necessário a revisão periódica da situação vacinal contra o VHN, principalmente em pessoas trans e indivíduos com mais de 49 anos, pois essa é a população com menor cobertura de vacinas. Manter as pessoas utilizando a PrEP é a melhor forma de ampliar o acesso a vacinação contra hepatite B. Isso também pode impactar diretamente na prevenção de novas infecções”, avaliou a Dra. Ana Carolina Coutinho Iglessias.
Em que pese as divergências científicas entre algumas pesquisas, todas elas convergem no que diz respeito à acessibilidade do cuidado em HIV. Essa questão foi levantada por todos os palestrantes, que frisaram a importância da prevenção ir além da prescrição de medicamentos.
“Para falarmos de prevenção, primeiro temos que falar em equidade. É uma questão de direitos humanos. Esses avanços são importantes, mas precisamos garantir que eles cheguem ao conhecimento de toda a população. Não é um trabalho apenas medicinal, também temos que considerar fatores sociais, educacionais e comportamentais”, disse a Dra. Melissa Soares Medeiros.
Fonte: Agência Aids


