Brasil elimina transmissão vertical do HIV: jovens vivendo por essa via de infecção comemoram e afirmam que políticas públicas consistentes dão resultados
A eliminação da transmissão vertical como problema de saúde pública foi alcançada: o Brasil manteve a taxa de transmissão vertical abaixo de 2% e a incidência da infecção em crianças abaixo de 0,5 caso por mil nascidos vivos. O país também atingiu mais de 95% de cobertura em pré-natal, testagem para HIV e oferta de tratamento às gestantes que vivem com o vírus.
Isso significa que o país interrompeu, de forma sustentada, a infecção de bebês durante a gestação, o parto ou a amamentação, atingindo integralmente as metas internacionais. Os resultados estão em linha com os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS). A notícia foi divulgada oficialmente pelo Ministério da Saúde no Primeiro de Dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids. “ Hoje é um dia de luta, mas também de conquista histórica: alcançamos o menor número de mortes por aids em 32 anos. Esse resultado só foi possível porque o SUS oferece gratuitamente as tecnologias mais modernas de prevenção, diagnóstico e tratamento. Os avanços também permitiram ao país alcançar as metas de eliminação da transmissão vertical como problema de saúde pública”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Três jovens ativistas que vivem com HIV por Transmissão Vertical receberam a notícia com alegria, entusiasmo, esperança e comemoraram o feito.
Marília Nascimento, técnica de enfermagem, mãe, natural de São Paulo: “Me sinto como uma grande vitoriosa por saber que muitas crianças não passarão o que eu passei”.
“Em 1994, quando o Padre Valeriano recebeu o prognostico de que suas crianças não chegariam a sete anos de idade, devido a agressividade do vírus, que bom que ele não acreditou nisso e prosseguiu em nossa defesa, mas não foi somente ele.
A notícia da eliminação da transmissão vertical, me traz um sentimento de gratidão a ele, aos profissionais de saúde, aos acadêmicos a mídia, as ONGs , aos militantes em especial os vivendo com HIV/Aids e aos milhares de anônimos que se empenharam no enfrentamento do HIV/Aids nesses anos difíceis.
Eu entrei na instituição aos quatro anos de idade (1997), sai aos dezoito e estou aqui, muito viva, em 2025, com um filho de 11 anos e vivendo com muita dignidade.
Me sinto com essa notícia da eliminação da transmissão vertical como uma grande vitoriosa e feliz por saber que muitas crianças não passarão pelo que passei, fruto dessa luta citada acima. Uma notícia importante porque é a vitória da saúde contra a doença, da vida contra a morte, do amor contra o desamor, da solidariedade contra o descaso. VIVA A VIDA !”
Guga Taylor, psicóloga, especialista em mídias sociais, ” Uma grande conquista, uma cura coletiva”
“É um importante marco que o país alcança. Várias crianças tiveram que morrer para que chegássemos a esse feito,para que o Brasil pudesse ressignificar sua história.Isso significa que estamos avançando em políticas públicas e mudando a história de futuras gerações para que nenhuma criança passe por situações de estigma e preconceitos que nós, pessoas vivendo por transmissão vertical, tivemos que passar. Estou muito feliz com essa notícia além de uma cura técnica, é uma grande conquista e uma cura coletiva”
Micaela Cirino,artista plástica, ativista, paulistana, “é uma vitória, e ainda assim um lembrete de que precisamos garantir que esse resultado seja verdadeiro para todo mundo, em todos os lugares.
“Receber a notícia da eliminação da transmissão vertical do HIV no Brasil me traz uma sensação de avanço real, desses que mostram que políticas públicas consistentes dão resultado. É um marco importante, porque significa que pessoas gestantes estão sendo acompanhadas, que o tratamento chega e que crianças estão nascendo sem do vírus.
Ao mesmo tempo, essa conquista me faz pensar na importância de olhar para os territórios e para as populações mais vulnerabilizadas. A efetividade nacional é significativa, mas só se sustenta quando chega também às periferias, às comunidades indígenas, às populações negras e a quem historicamente teve menos acesso ao cuidado e que as políticas públicas funcionam em outros formatos.
Eu recebo essa notícia com esperança, mas também com atenção: é uma vitória, e ainda assim um lembrete de que precisamos garantir que esse resultado seja verdadeiro para todo mundo, em todos os lugares.””
Fonte: Agência Aids


