Agência Europeia de Medicamentos recomenda uso de anel vaginal para prevenção do HIV para adolescentes a partir dos 16 anos
A prevenção do HIV entre adolescentes e jovens mulheres acaba de ganhar um novo reforço. O Comitê de Medicamentos para Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) recomendou a ampliação da indicação do anel vaginal com dapivirina 25 mg para incluir adolescentes a partir dos 16 anos de idade. Até então, o dispositivo era aprovado apenas para mulheres com 18 anos ou mais.
A decisão da EMA foi baseada em novos estudos que demonstraram a eficácia moderada do anel na redução do risco de infecção pelo HIV-1 por via vaginal, com efeitos colaterais considerados manejáveis. De acordo com a agência, os benefícios do uso do anel superam os riscos para mulheres que não utilizam a profilaxia oral pré-exposição (PrEP).
O anel de dapivirina foi originalmente aprovado em julho de 2020 como a primeira tecnologia de prevenção do HIV de longa duração destinada exclusivamente às mulheres, especialmente naquelas situações em que o uso da PrEP oral não é viável. Feito de silicone flexível, o anel é inserido pela própria usuária na vagina e permanece por 28 dias, liberando lentamente o antirretroviral dapivirina. Após esse período, deve ser substituído por um novo anel.
Apesar de ainda não estar disponível na União Europeia, o dispositivo foi submetido ao processo regulatório EU-M4All, um mecanismo que permite à EMA emitir pareceres científicos sobre medicamentos prioritários destinados a países de baixa e média renda, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é fortalecer a capacidade regulatória global e facilitar o acesso a medicamentos essenciais em contextos de alta carga de doenças.
Um estudo envolvendo cerca de 2 mil mulheres em países da África Subsaariana revelou que o anel reduziu em mais de um terço o risco de infecção pelo HIV após dois anos de uso, em comparação com um grupo que recebeu placebo. Desenvolvido originalmente pela International Partnership for Microbicides, o produto passou a ser gerido pelo Population Council em 2022. Desde sua primeira aprovação em 2021 pelo órgão regulador do Zimbábue, o anel tem recebido autorização em diversos países africanos e está incluído na lista de pré-qualificação da OMS desde 2020.
A OMS recomenda o anel de dapivirina como uma estratégia complementar de prevenção ao HIV, junto a outras práticas de sexo mais seguro, especialmente para mulheres em risco substancial de infecção. Com a nova recomendação da EMA, adolescentes a partir de 16 anos poderão se beneficiar da tecnologia, ampliando as opções de prevenção para este público historicamente mais vulnerável à epidemia.
A ampliação da indicação é vista por especialistas como um passo importante na diversificação de métodos de prevenção e na promoção da autonomia de meninas e mulheres na proteção contra o HIV.
Fonte: Agência Aids com informações do Medscape Medical News