Brasil se junta ao grupo: conheça os países que já eliminaram a transmissão vertical do HIV no mundo
O reconhecimento do Brasil pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como país que eliminou a transmissão vertical do HIV, da pessoa gestante para o bebê, coloca o país em um grupo ainda restrito no cenário internacional.
Até hoje, menos de 25 países e territórios conseguiram alcançar esse marco, considerado uma das maiores conquistas possíveis em saúde pública no enfrentamento ao HIV.
A eliminação da transmissão vertical não significa que não existam mais casos, mas que o país conseguiu manter, de forma sustentada, taxas extremamente baixas de transmissão, graças a políticas públicas consistentes, diagnóstico precoce, acesso universal ao tratamento e acompanhamento contínuo de gestantes e bebês.
Um caminho aberto por Cuba
O primeiro país do mundo a receber a certificação da OMS foi Cuba, em 2015. O reconhecimento foi histórico e simbólico: pela primeira vez, um país demonstrava que era possível interromper quase totalmente a transmissão do HIV da gestante para o filho por meio de um sistema de saúde organizado, com forte atenção primária e acompanhamento integral das gestantes.
A partir desse marco, outros países passaram a investir de forma mais estruturada nessa meta, especialmente com o fortalecimento do pré-natal, testagem repetida ao longo da gestação e acesso imediato à terapia antirretroviral.
Avanços na Europa e na Ásia
Na sequência, Armênia, Bielorrússia e Tailândia receberam a certificação em 2016, mostrando que contextos econômicos e regionais distintos também podiam alcançar o mesmo resultado quando há coordenação entre vigilância epidemiológica, serviços de saúde e políticas públicas baseadas em evidências.
Nos anos seguintes, países asiáticos como Malásia, Sri Lanka e Maldivas também alcançaram a eliminação da transmissão vertical do HIV, reforçando o papel de estratégias nacionais de longo prazo e da integração entre saúde materna, saúde sexual e reprodutiva e resposta ao HIV.
Caribe: pequenos territórios, grandes resultados
A região do Caribe é um dos destaques nesse processo. Diversos países e territórios conseguiram a certificação da OMS entre 2017 e 2024, entre eles:
- Anguilla
- Antígua e Barbuda
- Bermudas
- Ilhas Cayman
- Montserrat
- São Cristóvão e Névis
- Dominica
- Belize
- Jamaica
- São Vicente e Granadinas
Apesar de populações menores, esses territórios enfrentam desafios estruturais importantes, como desigualdades sociais e acesso a serviços especializados. Ainda assim, conseguiram avançar com estratégias focadas em testagem universal no pré-natal, tratamento imediato e acompanhamento rigoroso de gestantes vivendo com HIV e de seus bebês.
Oriente Médio também avança
Em 2022, Omã tornou-se um dos poucos países do Oriente Médio a receber a certificação da OMS para eliminação da transmissão vertical do HIV, mostrando que o avanço é possível mesmo em contextos culturais e políticos diversos, desde que haja compromisso institucional com a saúde pública.
Brasil entra para o grupo em 2025
O reconhecimento do Brasil, anunciado neste dia 16 de dezembro de 2025, tem um peso especial: o país é o maior do mundo em população e extensão territorial a alcançar essa meta.
A certificação reflete décadas de investimento no Sistema Único de Saúde (SUS), na política de acesso universal ao tratamento antirretroviral, na ampliação da testagem durante o pré-natal e na articulação entre atenção básica, serviços especializados e vigilância em saúde.
Mais do que um selo internacional, o reconhecimento aponta para a importância de manter e fortalecer políticas públicas que garantam cuidado contínuo às gestantes, às pessoas vivendo com HIV e às crianças expostas ao vírus.
Uma conquista coletiva, que precisa ser sustentada
A experiência internacional mostra que eliminar a transmissão vertical do HIV é possível, mas exige vigilância constante. Crises sanitárias, cortes de financiamento, desigualdades regionais e desinformação podem ameaçar avanços já conquistados.
Ao entrar para esse grupo seleto de países, o Brasil se soma a uma trajetória global que prova que o cuidado, quando é público, universal e baseado em direitos, salva vidas e transforma realidades.
Fonte: Agência Aids


