Cobertura universal da saúde só é possível com serviços de HIV inclusivos e baseados em direitos, afirma Unaids
A cobertura universal da saúde só poderá ser alcançada se os serviços de HIV forem inclusivos, baseados em direitos humanos e centrados nas pessoas. A avaliação é do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), que reforça o papel histórico da resposta ao HIV como referência para a construção de sistemas de saúde mais justos, eficientes e acessíveis.
Há mais de quatro décadas, o enfrentamento ao HIV não se limita à ampliação do acesso ao tratamento, mas se estrutura na defesa de serviços de saúde gratuitos, livres de estigma e discriminação, orientados pelas necessidades reais das pessoas e fundamentados nos direitos humanos. Segundo o Unaids, esse modelo é essencial para transformar a cobertura universal da saúde em uma política concreta e efetiva.
A proposta da cobertura universal prevê que todas as pessoas tenham acesso a serviços de saúde de qualidade sem enfrentar dificuldades financeiras. Para a agência, isso só será possível se os serviços essenciais de HIV — da prevenção ao tratamento — forem parte integrante de um pacote de benefícios claramente definido dentro dos sistemas de saúde.
“O enfrentamento ao HIV é um verdadeiro teste de estresse para a cobertura universal da saúde. Quando pessoas vivendo com HIV, populações-chave e outros grupos vulnerabilizados são excluídos, todo o sistema falha”, afirma Angeli Achrekar, diretora executiva adjunta do Unaids para Programas. “Quando essas populações são incluídas, o sistema se torna mais forte, mais justo e mais eficiente para todos.”
Apesar dos avanços globais, os desafios permanecem. Cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento contra o HIV, e milhões seguem sem acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP), medicamento capaz de prevenir a infecção pelo vírus. Para o Unaids, a cobertura universal da saúde, a segurança sanitária global e o enfrentamento de epidemias como HIV, tuberculose e malária são metas interligadas e não podem ser tratadas de forma isolada.
A organização também destaca o papel central das comunidades na construção de sistemas de saúde mais inclusivos. Estratégias como testagem comunitária, navegação por pares, modelos diferenciados de cuidado, defesa de direitos e mecanismos de responsabilização têm demonstrado caminhos eficazes para ampliar o acesso e garantir a continuidade do cuidado.
“As pessoas precisam de serviços integrados ao longo de toda a vida, oferecidos onde e por quem elas preferirem, inclusive por suas próprias comunidades”, destaca o documento.
Para Florence Riako Anam, co-diretora executiva da Rede Global de Pessoas Vivendo com HIV (GNP+), a cobertura universal da saúde só será, de fato, universal se responder às necessidades das populações mais afetadas. “Ela só terá sucesso quando nossas vozes, nossa liderança e nossa experiência de vida moldarem os serviços e os cuidados dos quais dependemos para permanecer vivos”, afirma.
O Unaids defende que avançar na cobertura universal da saúde exige decisões políticas claras, como o financiamento sustentável dos serviços de HIV e das iniciativas lideradas pela comunidade, a revogação de leis discriminatórias, a integração dos serviços de HIV à atenção primária sem perda de qualidade ou de direitos e a centralidade das pessoas vivendo com HIV nos processos de decisão.
Segundo a agência, o fim da aids e a consolidação da cobertura universal da saúde caminham juntos e representam uma responsabilidade compartilhada entre governos, comunidades, parceiros de desenvolvimento, setor privado e a sociedade como um todo. A integração dos serviços é apontada como o caminho fundamental para garantir sistemas de saúde mais resilientes e equitativos.
Fonte: Agência Aids


