Acordos globais reduzem preço de medicamento de longa duração na prevenção ao HIV: de US$ 28 mil para US$ 40 ao ano

O Unaids celebrou nesta quarta-feira (24) a assinatura de dois acordos que vão permitir o acesso mais amplo e acessível a um dos medicamentos mais promissores na prevenção do HIV. O lenacapavir, produzido pela farmacêutica norte-americana Gilead, terá seu custo reduzido de US$ 28 mil para apenas US$ 40 por pessoa ao ano quando destinado à prevenção do vírus.

 

A iniciativa foi anunciada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, e envolve a colaboração de entidades internacionais, como Unitaid, Clinton Health Access Initiative (CHAI) e Wits RHI, além do apoio financeiro da Fundação Gates. O acordo permitirá que fabricantes indianos de genéricos, como Dr. Reddy’s Laboratories e Hetero Drugs, produzam o medicamento a preços acessíveis. “Este é um momento decisivo. Um preço de US$ 40 por pessoa ao ano é um salto que ajudará a liberar o potencial revolucionário dos medicamentos de ação prolongada contra o HIV”, afirmou Winnie Byanyima, diretora-executiva do Unaids.

 

O lenacapavir é administrado em duas injeções anuais e, segundo o estudo Purpose 2, publicado no New England Journal of Medicine, apresenta eficácia entre 96% e 100% na prevenção de novas infecções. Uma dose oral inicial, necessária no início do tratamento, terá preço máximo de US$ 17.

 

A expectativa do Unaids é que a medida possa beneficiar até 20 milhões de pessoas em maior situação de vulnerabilidade ao HIV, incluindo homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas injetáveis e jovens mulheres da África Subsaariana. “Se conseguirmos que esse grupo tenha acesso ao medicamento, o impacto na redução de novas infecções será imenso e poderá acelerar o fim da Aids até 2030”, destacou Byanyima.

 

Estudos anteriores publicados na The Lancet HIV já apontavam que, em produção em larga escala, o custo do lenacapavir poderia variar entre US$ 35 e US$ 46 ao ano, chegando a US$ 25 em cenários de alta demanda — valores agora confirmados pelos acordos.

 

O Unaids, que há anos pressiona pela ampliação do acesso a medicamentos de ação prolongada, também cobra da Gilead maior transparência e inclusão de países de renda média na licença voluntária que permite a fabricação de genéricos. “Unitaid, Gates, CHAI, Wits RHI, Reddy e Hetero mostraram hoje o que é possível quando empresas priorizam o acesso equitativo. Gilead precisa corresponder a essa ambição, reduzir seus preços, ampliar a licença e permitir que mais pessoas nos países em desenvolvimento tenham acesso rápido a esses medicamentos que salvam vidas”, concluiu a diretora-executiva da agência da ONU.

 

Atualmente, a licença voluntária da Gilead cobre a produção por seis fabricantes de genéricos, autorizados a fornecer o lenacapavir em 120 países de baixa e média renda.

 

Fonte: Agência Aids