Unaids anuncia reestruturação para fortalecer resposta ao HIV até 2030
Diante da persistência de altos números de novas infecções por HIV e da queda no financiamento global, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) anuncia uma reestruturação para apoiar os países no objetivo de acabar com a aids como ameaça à saúde pública até 2030 e garantir que a resposta ao HIV permaneça forte e sustentável no futuro.
Essa mudança ajudará governos e comunidades a transitar para uma resposta ao HIV sustentável e financiada domesticamente, baseada em dados, equidade e direitos humanos.
“A reestruturação do Unaids é uma resposta direta a um cenário em rápida mudança, que inclui desde um contexto geopolítico instável até a redução de recursos”, disse Winnie Byanyima, diretora executiva do Unaids. “Estamos reformulando a forma como atuamos para apoiar respostas nacionais ao HIV que sejam inclusivas, lideradas por comunidades e multissetoriais, com mais precisão e impacto.”
Os processos de reestruturação e reforma do Unaids estão alinhados com iniciativas mais amplas da ONU, por meio da iniciativa UN80, disponível em inglês, e promovem maior eficiência, integração, consolidação e coordenação.
A reestruturação do Secretariado do Unaids foi orientada pelo trabalho de um Painel de Alto Nível, ativo desde outubro de 2024. O Painel recomendou a reestruturação do Unaids até 2030, com um modelo mais enxuto e focado para o Secretariado. O foco deve estar em quatro funções principais:
- liderança;
- articulação e coordenação;
- responsabilização;
- e engajamento comunitário.
Interrupções na resposta ao HIV
Modelagens do Unaids indicam que estamos testemunhando 2.300 novas infecções por HIV a mais por dia, além das 3.500 que já ocorriam. Esses retrocessos se devem a ataques contra os direitos humanos de mulheres, meninas e populações-chave, somadas a interrupções em serviços essenciais causadas pela retirada da ajuda internacional de países doadores.
O Unaids estima que os cortes de financiamento podem resultar em 6,6 milhões de novas infecções por HIV e 4,2 milhões de mortes relacionadas à aids até 2029 — uma tragédia para as pessoas que vivem com ou são afetadas pelo HIV.
Reformulação para atuar em um novo contexto
O Unaids passa por uma grande transição e está se reformando para continuar apoiando a resposta ao HIV da forma mais eficiente e econômica possível. O Secretariado está consolidando sua atuação nos países e transferirá equipes globais para mais perto das populações que atende.
A presença física do Secretariado será reduzida para cerca de 35 países, mantendo a capacidade de apoiar diretamente aproximadamente 60 países.
A mudança é baseada em uma tipologia que considera a alta incidência de HIV, o estigma e a discriminação significativos contra populações-chave e a forte dependência da ajuda internacional. O plano de reestruturação inclui uma redução de 54% no quadro de pessoal do Secretariado, garantindo que o Unaids esteja adequado ao seu propósito e operando dentro dos recursos disponíveis.
A reestruturação do Unaids tem como objetivo apoiar os países na preservação dos avanços conquistados na prevenção de novas infecções por HIV e de mortes relacionadas à aids. O Unaids continuará a apoiar os países no monitoramento de suas epidemias e na realização de investimentos estratégicos em prevenção e tratamento do HIV, além de enfrentar barreiras políticas e de direitos humanos.
Também continuará a articular parcerias, engajar comunidades e estar ao lado das pessoas que vivem com ou são afetadas pelo HIV.
“Este é um momento de solidariedade global”, afirmou Winnie. “Com determinação e parcerias, ainda podemos alcançar o objetivo de acabar com a aids como ameaça à saúde pública até 2030 e garantir respostas nacionais sustentáveis, inclusivas e multissetoriais.”
Em 2025, o Unaids irá desenvolver e implementar uma nova Estratégia Global para a Aids, com o objetivo de acelerar o compromisso político, programático e financeiro e garantir sustentabilidade, além de orientar os avanços rumo à meta de acabar com a aids como ameaça à saúde pública até 2030.
A Estratégia será adotada pela Junta de Coordenação do Programa (PCB) em dezembro de 2025, no Brasil. Ela servirá de base para uma nova Declaração Política e para as metas de HIV até 2030, a serem adotadas em uma Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas em 2026.
