USP recruta voluntários vivendo com HIV para estudo inédito sobre dengue
Diante do avanço acelerado dos casos de dengue no Brasil, especialmente em São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) iniciou o recrutamento de voluntários para um estudo inédito sobre a interação entre HIV e arboviroses. O projeto é conduzido pelo Centro de Pesquisa Clínica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e tem como foco principal compreender como o organismo de pessoas vivendo com HIV reage a infecções como a dengue.
Em entrevista à Agência Aids, o infectologista Pedro Carvalho, idealizador do estudo, explica que a pesquisa busca avaliar a resposta inflamatória de indivíduos com e sem HIV infectados por arbovírus, como dengue, zika e chikungunya. “Queremos entender se a ativação constante do sistema imunológico em pessoas vivendo com HIV pode influenciar a gravidade dos sintomas ou a evolução dessas infecções”, afirma.
Já o coordenador do estudo, Dr. Gabriel Borba, destaca que o critério de inclusão é bastante específico. “O estudo é aberto a adultos com 18 anos ou mais que estejam apresentando sintomas sugestivos de dengue há no máximo seis dias — como febre, dores no corpo ou nas articulações, manchas na pele, dor de cabeça ou conjuntivite”, explica. A participação envolve entre quatro e seis visitas ao Hospital das Clínicas da USP ao longo de um mês, com reembolso de R$ 100 por visita para cobrir custos com transporte e alimentação.
Embora não envolva medicamentos ou vacinas experimentais, o projeto prevê um acompanhamento clínico cuidadoso, com coleta seriada de exames e contato constante com os participantes. “Durante o estudo, fazemos avaliações médicas detalhadas, exames de sangue e acompanhamos os resultados para garantir a segurança dos voluntários. Em caso de alterações importantes, oferecemos encaminhamentos para serviços de saúde”, explica Carvalho.
Segundo o coordenador, a infecção pelo HIV não impede a participação, independentemente da carga viral ou da contagem de CD4. “Nosso critério principal é que a pessoa esteja dentro do período de até seis dias com sintomas sugestivos de arbovirose. A exclusão se aplica apenas a quem tem outras infecções agudas em curso, como gripe ou COVID-19”, detalha.
A pesquisa é realizada em parceria com instituições de referência no combate às infecções virais, como o Instituto Emílio Ribas, o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids e o Hospital Sírio-Libanês. Segundo Carvalho, esse é um dos poucos estudos no mundo que se dedicam a entender a resposta imunológica de pessoas vivendo com HIV diante de arboviroses.
Além de aprofundar o conhecimento científico, os resultados podem ter impacto direto na formulação de políticas públicas. “Se confirmarmos que pessoas vivendo com HIV têm maior risco de complicações ao contrair dengue ou outras arboviroses, podemos propor mudanças em protocolos clínicos e estratégias de prevenção específicas para essa população”, explica o médico Carvalho.
Os interessados em participar devem entrar em contato por telefone ou WhatsApp para uma triagem inicial. Caso os sintomas se confirmem, a pessoa será convidada para uma consulta presencial, onde receberá todas as informações sobre o estudo e poderá assinar o termo de consentimento.
Fonte: Redação da Agência de Notícias da Aids
Serviço
Estudo sobre a resposta imunológica à dengue em pessoas com e sem HIV
Onde: Centro de Pesquisas Clínicas da FMUSP – Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, s/n – 6º andar, Cerqueira César, São Paulo (SP)
Contato e agendamento: (11) 98186-4607
Instagram: @pesquisa.cpc